Jamie Trent, baseado em Los Angeles, é cinegrafista, colorista e produtor. Conhecido na indústria cinematográfica como JT, ele fala sobre a sua jornada desde Sydney, na Austrália, até Hollywood. Depois de ouvir que “seria impossível ser bem-sucedido nas três profissões ao mesmo tempo”, JT encarou isso como uma oportunidade e hoje é um diretor de fotografia membro do sindicato IATSE Local 600. Ele também é membro da Sociedade Australiana de Cinegrafistas (ACS), da Liga de Produtores dos Estados Unidos da América (PGA) e é colorista credenciado pela IATSE Local 700. JT fala sobre sua perseverança e sua ética profissional inabalável, que lhe deram força para enfrentar o status quo. “Nada é mais importante do que acreditar em si mesmo e seguir sua paixão.” “Meus pais se separaram quando eu ainda era bem jovem, e só conheci o meu pai biológico quando tinha 15 anos. Até aquele momento, eu ficava de lá para cá constantemente. Basicamente, minha vida consistia em me reerguer depois da queda, mas eu sabia que isso me fortaleceria, então eu não mudaria nada do meu passado. Por sorte, fui morar com o meu pai no mesmo dia em que o conheci. Embora ele fosse um estranho, minha vida mudou para sempre. Passei a ter uma inspiração. Ele foi a primeira pessoa a dizer que eu poderia alcançar qualquer coisa na vida se eu trabalhasse duro consistentemente enquanto o resto do mundo dormia”.
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“Minhas primeiras memórias, as que valem a pena lembrar, são de quando eu era aprendiz de carpinteiro, aos dezesseis anos, em Sydney, na Austrália. Eu lembro de ter sido chamado por um olheiro para fazer um teste para o meu primeiro comercial de televisão. Passei no primeiro teste e consegui um comercial de macarrão, o que não é exatamente uma coisa pela qual eu gostaria de ser lembrado. Se eu não tivesse ido parar nos comerciais de TV, talvez ainda estivesse trabalhando na área de construção. Logo descobri que passar em testes de comerciais era a única coisa positiva que fazia com que eu me sentisse bem.”
“Fazer comerciais naquela idade te apresenta a um universo totalmente novo. Logo você aprende a criar uma identidade única, para se destacar dos outros. Para conseguir trabalhos, você precisa ser diferente dos outros 25 caras que vieram fazer o mesmo teste. Isso é algo que carrego comigo desde então e vem dando certo.”
“De uma hora para outra, comecei a ganhar uma boa grana com comerciais internacionais e com a minha paixão por fotografia em preto e branco. Finalmente pude comprar minha primeira câmera. Considerando a loucura que a minha infância foi, as fotografias em preto e branco eram uma maneira de escapar da realidade e encontrar o meu próprio senso de criatividade. Eu aprenderia que a prática leva à perfeição. Pouca gente aceitava a ideia de que era possível ganhar a vida como ator ou fotógrafo. Eu queria provar que eles estavam enganados. Eu acreditava que eu podia fazer qualquer coisa se tivesse determinação.”
“O engraçado é que, não importa o que eu fazia, estranhamente eu sempre acabava voltando para o cinema. Por exemplo, trabalhei como detetive particular quando tinha uns 20 anos. Eu adorava usar câmeras 35mm e gravar vídeo. Desde os 15 anos que eu tenho uma câmera na mão. Quando eu tinha 23 anos, meu pai morreu de câncer no pulmão, então fiz as malas e fui para os Estados Unidos.”
“Anos depois, eu estava ganhando uma boa grana trabalhando como corretor de imóveis em Los Angeles. O problema é que eu nunca gostei. Toda hora eu encontrava gente da indústria cinematográfica e eles me perguntavam por que eu não estava fazendo filmes. Minha namorada daquela época me falou francamente que eu não tinha feito faculdade de cinema, não tinha formação, experiência ou contatos na indústria. Ela disse que levaria 20 anos de experiência chegar a diretor de fotografia e que eu podia esquecer essa ideia.”“Naquela época, em 2012, ela trabalhava em uma casa de pós-produção e conhecia diretores, coloristas e cinegrafistas famosos, mas se recusava a me ajudar. Ela me levou em uma sessão de coloração, e lá eu perguntei como poderia aprender a fazer gradação de cores. Eles riram e disseram que, com sorte, eu seria assistente de colorista depois de 10 anos. Parecia existir uma hierarquia incrível envolvida naquele processo todo. Acabei comprando o software DaVinci Resolve e comecei a aprender a fazer gradação de cores como autodidata.”
“Comecei a fazer contatos e conheci um DP que me contratou para trabalhar com ele algumas vezes. Ele tinha uma câmera RED One MX e me deixou operá-la. Na mesma hora ele gostou do meu enquadramento e da minha composição. Ele me apresentou a um diretor que estava pensando em me colocar no seu próximo longa-metragem. Naquele mesmo dia, vi o DP tentando tirar um parafuso roscado da câmera com a ajuda de uma parafusadeira. Segundos depois, a parafusadeira furou o sensor da câmera. Esse não foi um bom início para o filme e nem para o meu sonho de virar cineasta.”
“Depois de conversar com o DP, resolvi investir em uma câmera RED. Eu não entendia nada de câmeras, a não ser o que tinha aprendido com um DP e quando fotografava em preto e branco quando era garoto. Quando o diretor descobriu que a câmera RED tinha sido destruída, por sorte eu tinha uma exatamente igual. Consegui fazer um acordo para me tornar o operador de câmera A e consegui o meu primeiro emprego remunerado nesse filme.”
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