Ben Richardson foi diretor de fotografia do filme A Culpa é das Estrelas, dirigido por Josh Boone.
O filme foi produzido com 12 milhões de dólares se tornando o número 1 nas bilheterias dos Estados Unidos e é o mais rentável em 2014 até a presente data. Ben Richardson filmou o drama com ALEXA XT em ARRIRAW e lentes ARRI / ZEISS Master Primes da ARRI CSC.
Aqui, ele fala sobre suas escolhas para capturar o humor e a comoção desta história íntima.
Foi filmado em ARRIRAW. Por que vocês foram nessa direção?
BR: Foi a minha primeira vez que trabalhei com a ALEXA XT e felizmente com o modelo XT, que tinha acabado de ser lançado com o CODEX interno. Isso significa que ficou compacta e não necessitava de um gravador ARRIRAW separado. A ALEXA é extremamente limpa com ISO 800 e o ARRIRAW permite após a filmagem, ajustes finos de balanceamento de branco que garantem a melhor cor e latitude.
O que você acha da qualidade de imagem da ALEXA?
BR: Eu acho uma câmera excelente. Fizemos um único LUT no set que usamos em todas as cenas e a testei extensivamente. Uma vez que aprendi o comportamento da câmera (muito parecido com um negativo novo), pude fazer meu trabalho em frente das lentes e expor como se eu tivesse com película. Eventualmente, em cenas escuras, eu super-expunha um stop e fazia a conversão sub-expondo, garantindo os detalhes nas sombras do “negativo”, mas para a maior parte eu pude acreditar que a câmera entregaria as imagens assim como eu as iluminei.
Você filmou com Master Primes.
BR: Eu amo a natureza descomplicada das Master Primes. Elas são incrivelmente definidas na maior abertura, com uma curta distância de foco dentro de uma bonita área de desfoque. Elas forneceram exatamente o aumento da emoção que nós queríamos do mundo de Hazel. Mesmo com as lentes mais abertas, nós pudemos manter a separação nos quadros sem sacrificar os detalhes do objeto principal. Conversávamos frequentemente sobre o desejo de sentir a vida de Hazel e Gus, o que significava ver a textura de sua pele, o brilho em seus olhos, e com as Master Primes conseguimos isso.
Na última cena em Amsterdã, Gus e Hazel sentaram em um banco do lado de fora e ele revela estar doente. Esta atuação é sentida muito real.
BR: Foi uma das últimas cenas para filmar e foi extremamente gratificante. Tentamos trabalhar o mais simples possível permitindo aos atores se aprofundar na cena. Achamos uma bela locação e selecionamos um banco com uma cobertura suave de uma árvore a qual fez uma luz suave e consistente mesmo quando as nuvens se moviam acima. Colocamos poucos quadros para preencher o canal, revelando suavemente seus olhos. Escolhemos coberturas cruzadas simples garantindo que seguraríamos Hazel e Gus no mesmo quadro para tomadas mais fechadas, porque queríamos sentir como eles lidariam juntos esse difícil momento.
O posicionamento das câmeras foi interessante, porque o banco que eles sentaram estava muito perto do canal. Tentamos movê-lo para trás para ângulos mais fechados, mas sentimos que o enquadramento estava errado e algo foi perdido. Não tínhamos orçado uma grua, então finalizamos precariamente com o nosso dolly, posicionado na borda do canal, quase saindo sobre a água. Nossa equipe de câmera e maquinária foram fantásticas, portanto nunca era inseguro, apesar de eu estar sentado na borda operando a câmera, tal como acontece em todas as filmagens de A CULPA; porém, era mais importante permitir Ansel e Shailene viver aquele momento, então nós fizemos o possível para permitir.
Existem várias cenas de muita emoção. Como DF, que trabalha ali com os atores durante essas cenas desafiadoras, como você ajudou os atores nesse ambiente tão vulnerável? Você já havia filmado com câmeras simultâneas?
BR: Definitivamente ajudei meus diretores a criar o ambiente certo para seus atores. Pedi ao meu eletricista chefe, chefe de maquinária e equipe de câmera, para tentar se manterem conscientes da energia no set. Nosso trabalho exige o movimento de equipamentos pesados e complexos, passando instruções via rádio, etc., mas há sempre uma maneira silenciosa e com respeito de fazer isso, sem fazer disso algo estranho. Por outro lado, às vezes é útil permitir que os atores e diretor desfrutem de algum ruído de fundo enquanto trabalham, muito parecido como uma conversa particular em uma festa lotada, pois realmente é uma questão de consciência acima de tudo. Em A CULPA, filmamos principalmente com uma câmera. Obviamente você pode refinar a luz para um único ângulo de forma mais eficaz, mas também acho que existem outros benefícios para o diretor e os atores em trabalhar dessa forma. Há uma intensidade a ser conhecida para aquela cena naquele momento, onde encontramos pessoas que entendem isso. Às vezes, obviamente, você precisa usar várias câmeras para cobrir uma cena mais rápido, ou gerenciar algo complexo ou a interação de uma certa cena e então você faz o uso de várias câmeras, mas não é a minha preferência.
Há flashbacks que têm um look suave. Foram feitos na câmera?
BR: Queríamos que a “história do câncer” inicial de Hazel como uma jovem garota e a montagem final, atingisse uma sensação de flashbacks distintos. Como revisávamos todos os lugares que víamos durante o filme, sentíamos a importância de torná-los como lembranças e não como a reutilização de cenas reais. Nós testamos várias opções, filtros, lentes antigas, etc., mas no final escolhemos o sistema de Lensbaby para criar aquele look, especificamente a Sweet-35 e a Edge-80, montamos no Composer Pro. Cada dia depois da filmagem nós queríamos incluir os flashbacks, fazíamos o “Lensbaby take”. Eu manualmente operava o enquadramento da Lensbaby mudando o foco sobre os atores, criando um look que você vê.
Há uma cena engraçada, mas ainda comovente onde a Hezel elogia o Gus. A atuação dos dois foi capturada de uma forma muito especial. A cena foi paralisada e filmada com o foco de passagem gradual, desde o contexto mais amplo da situação deles e apreciando o humor e irreverência daquele momento. Para a intensidade da conexão de Hazel e Gus, e esperançosamente atraí-lo daquele humor e perspectiva do elogio da Hazel sem fazer muito obvio a metade da cena seguinte, necessariamente, jogamos com extremos close-ups. Notei que a atuação de Shailene na cena, a qual foi a última de um longo dia, foi incrível. Ao final do take dela, todos estávamos simplesmente congelados, você poderia ter ouvido um alfinete cair.